domingo, 22 de abril de 2012

Politicamente Correto Futebol Clube

Futebol anda chato demais. Tão chato que demoramos quase quatro meses completos para o ano começar. E aí, quando começa, quando as partidas passam a ser mais importantes, os gols passam a ser mais comemorados, todo mundo de repente começa a se sentir ofendido. Um gesto sem importância vira a maior ofensa que um jogador pode sofrer.

O atacante Alessandro fez um sinal de “acabou” depois de marcar o terceiro do América-MG sobre o Cruzeiro. O Coelho vencia o clássico por três a zero. No finzinho tomou dois, e acabou com uma vitória magra, mas importante, já que reverteu a vantagem cruzeirense na semifinal e entra no jogo de volta precisando de um empate para ir à decisão do Mineiro.

Mas foi só acabar a partida que o gesto de Alessandro virou a coisa mais importante do mundo. O goleiro Fábio, que dá entrevistas parecidas com um culto evangélico, disse que o atacante do América era um frustrado porque nunca conseguiu vingar no Cruzeiro. Afirmou ainda que o gesto foi uma ofensa num jogo de futebol profissional.

Sinceramente, Alessandro simplesmente demonstrou algo que todo mundo pensava naquele exato momento. Estava acabado. Parabéns ao Cruzeiro, que conseguiu reagir e vai para o jogo de volta precisando de uma vitória simples para se classificar.

E essa reação se deve em muito ao meia Roger, autor do segundo gol cruzeirense nos minutos finais do clássico. E depois do apito final, eis que Roger também foi lá criticar Alessandro, alegando “falta de respeito” na comemoração. Ele só se esqueceu de que durante a semana, ele mesmo, ao se referir ao clássico deste domingo, tratou o América como um “timezinho até que bom”.

Roger também se esqueceu de que após o clássico contra o Atlético, em que o Cruzeiro perdia por dois a zero e conseguiu buscar o empate, deixou o gramado mostrando seis dedos para a torcida atleticana, lembrando a goleada por seis a um sobre o Galo que livrou o Cruzeiro do rebaixamento. Virou herói dos cruzeirenses, os mesmos que agora olham para Alessandro como se ele tivesse passado a mão na bunda de suas mães.

Tirar onda do rival faz parte. Se incomodar com isso é hipocrisia. E dizer que um simples gesto foi o responsável por fazer o time “crescer”, “reagir” etc. é uma ofensa, aos torcedores e ao clube, que paga salários altos demais para alguém resolver jogar bola simplesmente porque se sentiu ofendidinho.

Faltam Vampetas no futebol, enquanto sobram jogadores pasteurizados que só sabem agradecer a Deus, respeitar o adversário, buscar os três pontos e fazer o que o professor mandou.

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