quinta-feira, 22 de março de 2012

To beer or not to beer?

Eu gosto de cerveja. Também gosto de futebol. Logo, nada mais natural que ambos caminhem lado a lado para mim. Esclarecido este ponto, vamos ao que interessa, porque a questão aqui não é o que eu gosto, ou o que você gosta. Vai bem mais além.

Quando Pedro Álvares Cabral firmou com a Fifa o compromisso de organizar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, já havia uma cláusula no texto redigido por Pero Vaz de Caminha afirmando que teríamos cerveja nos estádios.

Nada mais natural. Na África do Sul foi assim, na Alemanha também... E por um motivo muito simples: um dos principais patrocinadores do Mundial vende um tipo de bebida, e não é leite ou suco de tamarindo. Não sou especialista em marketing, mas imagino que nenhuma empresa depositaria milhões de dólares em um evento em que não poderia comercializar seu produto porque ele supostamente estimularia a violência.
Só que, por algum motivo, o Estatuto do Torcedor, em 2003, estipulou a proibição da venda de bebidas alcoólicas em estádios. Tudo levava a crer que esta seria apenas mais uma das leis que não pegaram no Brasil, até que, no dia 25 de abril de 2008, Ricardo Teixeira, o nosso Jabba the Hutt, resolveu barrar a cerveja no país.

Criou-se então o impasse: de um lado, um compromisso assinado pelo Governo para a organização do evento – vale lembrar que foi o Brasil que se candidatou para receber a Copa, e não a Fifa que veio aqui pedir o país emprestado; do outro, um grupo de políticos – a Frente Parlamentar Evangélica – que comprou a briga como uma questão de soberania nacional.
E são essas três palavrinhas – Frente Parlamentar Evangélica – que me incomodam... Querem proibir a venda por ir de encontro ao que diz uma lei, por medo da suposta violência que o consumo exagerado causaria, ou porque “Deus não quer”?

Leis que não são cumpridas temos aos montes. Eu, pelo menos, nunca fui defendido por um deputado depois de passar mais de uma hora numa fila de banco. O argumento da violência também não me convence. Afinal, de nada adianta proibir a venda dentro dos estádios e permiti-la nos arredores, onde qualquer um pode encher a cara até pouco antes de entrar para ver a partida. Sem contar que vários países – como a Inglaterra – já provaram que é possível combater com sucesso a violência sem precisar abrir mão da venda de bebidas alcoólicas.

Resta, portanto, uma última razão: confesso que não tenho conversado muito com Deus nos últimos tempos, mas acredito que ele, assim como eu, preferiria ver seus “representantes” em Brasília abraçando causas mais urgentes.

Porque, sinceramente, se nossos deputados se empenhassem mais em melhorar a educação, a saúde, em combater a fome e o desemprego, Deus teria um pouco mais de tempo livre. Talvez até o suficiente para assistir a uma partida de futebol enquanto bebe uma cerveja.


5 comentários:

  1. No fim acho que é uma boa proibirem de vender Budweiser.

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  2. Que isso? Cerveja boa e genuinamente brasileira.

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  3. Parabéns turco, pelo belo texto. Brasileiro+Domingo=Cerveja+Tira-Gosto+Futebol. A fórmula é simples assim...

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  4. Concordo plenamente, Mamede. Principalmente sobre Brasília e as causas mais urgentes... abraços.

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