segunda-feira, 14 de maio de 2012

Para refletir

Capa de 14 de maio de 2012 do jornal Liverpool Echo
Os campeonatos estaduais terminaram. Parabéns a todos os campeões, que têm muito a comemorar. Mas hoje não escrevo sobre futebol, porque, apesar de muita gente não perceber isso por aqui, existe coisa mais importante que o esporte bretão.

O jornal Liverpool Echo, o principal da região de Merseyside, na Inglaterra, pede em sua capa de hoje o fim da “loucura” dos assassinatos com arma de fogo na região. Uma manchete dessas causa surpresa, porque o Reino Unido é um dos que menos sofre no mundo com a violência. E logo que você lê todo o texto da capa, percebe o quanto estamos distantes de nos tornar um país de “primeiro mundo”.

A “loucura” à qual o jornal se refere são 25 assassinatos entre 2005 e 2012. Isso mesmo. VINTE E CINCO mortes causadas por armas de fogo em um período de SETE ANOS. Uma média de 2,8 assassinatos por ano!

Esta estatística assustadora me fez procurar um número no Brasil pra tentar comparar. Escolhi Belo Horizonte por razões óbvias. No ano passado foram assassinadas 782 pessoas na capital mineira. Em Betim, na região metropolitana, 254 foram mortas.

A região de Merseyside, que tem Liverpool como principal cidade, possui cerca de 1,4 milhão de habitantes. Beagá tem 2,4 milhões e Betim quase 400 mil.

Quando vi o “desespero” do Liverpool Echo por conta de 25 mortes em sete anos, minha primeira reação foi esboçar um leve sorriso, acompanhado pelo pensamento “esses caras estão de brincadeira por fazer um alarde desses para esse número ridículo”. Mas eles não estão, e nem deveriam estar. Nós é que estamos de brincadeira, em aceitar tão passivamente o massacre que nos acostumamos a ver. E olha que Beagá nem é considerado um lugar violento.

Vale refletir. Crescimento econômico é muito diferente de desenvolvimento. Muita gente comemorou quando ultrapassamos o Reino Unido e assumimos o posto de sexta maior economia do mundo. Sinceramente, comemorar o que?